"(...) No dia seguinte,logo de manhã, o rapaz foi ao seu jardim e colheu uma rosa encarnada muito perfumada.Foi para a praia e procurou o lugar da véspera. -Bom dia, bom dia, bom dia - disseram a Menina, o polvo, o caranguejo e o peixe. -Bom dia - disse o rapaz.E ajoelhou-se na água, em frente da Menina do Mar. -Trago-te aqui uma flor da terra -disse; chama-se rosa. É linda,é linda- disse a Menina do Mar,dando palmas de alegria e correndo e saltando em roda da rosa. -Respira o seu cheiro para veres como é perfumada. A Menina pôs a cabeça dentro do cálice da rosa e respirou longamente. Depois levantou a cabeça e disse suspirando: -É um perfume maravilhoso.No mar não há perfume assim.Mas estou tonta e um bocadinho triste.As coisas da terra são esquesitas.São diferentes das coisas do mar.No mar há monstros e perigos, mas as coisas bonitas são alegres.Na terra há tristeza dentro das coisas bonitas. -Isso é por causa da saudade- disse o rapaz. -Mas o que é a saudade?- perguntou a Menina do Mar. Sophia de Mello Breyner Andresen,A menina do Mar
(in sapo)
-A saudade é a tristeza que fica em nós quando as coisas de que gostamos se vão embora.(...)"