«Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.»Fernando Pessoa
Sexta-feira, 21 de Outubro de 2005
«Poema»

(in internet)

O poema me levará no tempo
Quando eu já não for eu
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê

O poema alguém o dirá
Às searas

Sua passagem se confundirá
Com o rumor do mar com o passar do vento

No ar claro nas tardes transparentes
Suas sílabas redondas

(Ó antigas ó longas
Eternas tardes lisas)

Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas

E entre quatro paredes densas
De funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
Com o poema no tempo

Este poema foi escrito por Sophia de Mello B.Andresen















publicado por Bia às 19:14
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Quinta-feira, 20 de Outubro de 2005
«Esta tarde a trovoada caiu...»

Esta tarde a trovoada caiu
Pelas encostas abaixo
Como um pedregulho enorme...
Como alguém que duma janela alta
Sacode uma toalha de mesa,
E as migalhas, por cairem todas juntas,
Fazem algum barulho ao cair,
A chuva chovia do céu
E enegreceu os caminhos...

Quando os relâmpagos sacudiam o ar
E abanavam o espaço
Como uma grande cabeça que diz não,
Não sei porquê - eu não tinha medo -
Pus-me a rezar a Santa Barbara
Como se fosse a velha tia de alguém...

Ah! É que rezando a Santa Bárbara
Eu sentia-me ainda mais simples
Do que julgo que sou...
Sentia-me familiar e caseiro
E tendo passado a vida
Tranquilamente, como o muro do quintal;
Tendo ideias e sentimentos por os ter
Como uma flor tem perfume e cor...

Este poema foi escrito por Alberto Caeiro (heterónimo de Fernando Pessoa)























publicado por Bia às 20:22
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Domingo, 16 de Outubro de 2005
«O Outono chegou...»

«Outono» de José Malhoa

No Outono as folhas caiem das árvores,
Suavemente...
Sem sentido.
Os dias são frios,pequenos,serenos...
As andorinhas voam para outros lugares...
Mais quentes!
A Natureza fica triste.
Aparecem as primeiras chuvas.
É a estação das romãs,
Dos marmelos,
Das avelãs,
Das castanhas assadas.
A neve começa a cair...
A vida corre devagar,
Passageira,
Em torno dos sonhos construídos...

Bia


















publicado por Bia às 21:34
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«Ao desconcerto do Mundo»
width=230"
="left">«Pintura» de Amadeo Souza Cardoso

Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E,para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só para mim
Anda o mundo concertado.

Este poema foi escrito por Luis de Camões













publicado por Bia às 16:49
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Sábado, 8 de Outubro de 2005
«Iludir a fadiga»

Após uma interrupção, voltei...com este poema que estava "perdido" entre os meus papéis...

NÃO POSSO

«Iludir a Fadiga
A que me arrasta a tristeza de
Esperar que os homens caiam em si

De humanos e o sejam
Não posso abrir uma fenda no tempo
Não posso esperar que a "Razão"


Desça do alto, não posso esperar que
Os homens de repente deixem a
Indiferença e o esquecimento

Em ecos de silêncio e mansidão
Se cada um reflectir, se cada um
Se lembrasse, que cada um nasce nú
E cada um morre por si...
Que a morte é individual mas daqui
Ninguém sai vivo.

Se algum dia nos apercebermos
Que mais não somos do que frágeis
Folhas de árvores suspensas num tempo
Breve, teremos que inventar outra forma
De estar aqui, reinventar a humanidade
E o que dela resta para que não mais
O homem "peque" e se castigue!»


Este poema foi escrito por Silvestre Vigia
(Poeta desconhecido e que encontrei a distribuir os seus poemas na praia.)


















publicado por Bia às 13:07
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